Multifocal, porque são múltiplos espaços. E alguém que acredita na construção poética de significados.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
E por querer de novo cores...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
A liberdade com fome de alma e rima
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
As cores e o infinito
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
sábado, 6 de novembro de 2010
E se o amor quiser provas
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Lamentos e além
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Retrato sem nome
Avó, mãe e filhas no ponto de ônibus. Acabaram de chegar do sacolão e se lambuzam incansavelmente com suas coxinhas, compradas na lanchonete ao lado. Engolem rapidamente para que não esfrie. Mãos engorduradas, limpam na calça e riem, conversam, brincam, se divertem. A filha mais nova parece ter uns 3 anos e tá no colo, pedindo para descer e brincar com o cachorro que passa pelo passeio. A mais velha agarra a blusa da avó e pede sobremesa. Ela também não escapa de indagações e responde com a paciência e sabedoria que só quem já viveu muito consegue guardar em si.
Uma família socialmente importante, se for preciso levar em conta os olhares que, naquele momento, se concentravam sobre eles. Alguns olhavam enganados, outros sorrateiros e aqueles outros nem ligavam... soltavam comentários estranhos, como a dona do sacolão, Monique, que disse que pobre era assim mesmo! Ao ouvir, mãe e vó se entreolharam. E riram.
Enfim chegou o ônibus e a família embarcou com destino à um bairro da periferia, conhecido pela peculiaridade dos homicídios que lá ocorriam. Mais uns murmurinhos e depois só a cantoria e as conversas de ônibus. Uma hora depois, desembarcam, param para fazer alguma pergunta e seguem. Passos azuis e grandes vão indo em direção ao destino.
Logo à frente, a mãe avista uma casinha pequena, mal rebocada, transpirando simplicidade. Supõe que aquele fosse o lugar. Toca a campainha e um homem bem vestido abre a porta. A mãe dá um passo para trás, um pouco hesitante.
— Pegamo esses negoço aqui procê na associação — diz a mulher que, na verdade, veio do sacolão.
O homem da casinha olha, como se a cada minuto pudesse descobrir mais sobre aquelas pessoas, como se todas elas fossem portas e ele possuísse a chave. Ou eram elas quem estava dando a chave? Ele estava ali, na entrada de sua casa, criando a imagem que mais tarde pintaria no quadro de suas memórias. Escolhendo as cores e os tons de azul, para contrastar com seus dias cinzas. Uma avó, uma mãe e duas filhas diante de um pintor de bondade, solidariedade, amizade.
— Ei, moço! Cê não ouviu não? Os legume, as fruta — falou a mulher, um pouco confusa.
— Ah sim. Desculpem a minha indelicadeza — disse o homem, pegando a sacolas da mão da mulher. — Entre. Vamos tomar um chá?!
— Não, não. Brigada, mais nois num vamo querê não. Temo que pegar o ônibus de volta ainda— advertiu a mãe enquanto as filhas cutucavam-a para que entrassem. — O moço vai ficar envergonhado por não ter nada pra oferecer. — cochichou para as garotas e elas se despediram.
— Mas... Só um momento! Como vocês se chamam? — o homem perguntou.
— Ah... nois não tem nome fixo não. Nois somo chamada da forma que o momento exige. Se seu nome é um só, cê se prende a preservar o que construiu sobre ele. Aê, cê sabe né? O desabamento de torna perigoso demais. — e foram embora.
O homem ficou ali, desta vez observando a família se afastar, deixando passar por sua cabeça todo seu vocabulário refinado para tentar por nome à aquelas pessoas. Ele que um dia foi Levi Batista, dono de uma famosa rede de sacolões e pai de Monique, não tinha mais nada. Era amparado por uma família sem nome. A algum tempo atrás, ele diria: todos João Ninguém. Mas agora, enquanto observava os sorrisos velho, jovem, pequenos caminharem pela rua, ele já não imaginava. Só sentia a Felicidade dizendo que se manifestava sobre as formas mais simples e que trazia, junto dela, a liberdade de ser quem quiser. Levi agora era um Homem que não tinha vergonha de limpar as mãos na calça.
domingo, 3 de outubro de 2010
entre Estar ou Não
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Como dizer parabéns
Pequenos papéis, canetas velhas, lembranças...
Dentro da memória o tempo não tem pressa.
Eu gosto quando você vem aqui me visitar
e a gente repassa nossas antigas conversas.
Hoje eu te abracei nos meus sonhos
e te dei meu presente.
Tento ser mais forte,
mas a chuva chegou tão rápido sobre minha cabeça.
Não é fácil escavar esse poço e tirar toda a sujeira.
Num dia alguém vai embora,
noutro a gente renasce para uma outra história.
Transitando entre os mundos
e sentindo na carne a dor de um mundo doente.
Sei que eles vão cair e não poderão se levantar.
Quero a todo o custo converter em arte
essa vontade de ir embora.
Como a tentativa de poetizar em um parabéns
todo esse amor que você deixou em mim.
sábado, 18 de setembro de 2010
Floração
Fresta na janela, é de manhã lá fora.
Acordo com o sol sobre a pele.
Saudando, iluminando, tocando sem queimar.
Clareou tudo aqui dentro
a tempestade que engoliu a coragem, se foi.
A vida segue remando seu barquinho.
E o som dos remos sob os destroços
é a música de quem caiu e se ergueu.
O inverno já vai embora.
É hora de fazer florir tudo o que ficou semeando por dentro.
Sorrio sob os tons de azul e amarelo,
vendo chover pequenas gotas de tinta.
Abro todas as janelas,
deixa iluminar.
Caio e renasço.
Equilíbrio entre extremos.
Canto para transcender minha lírica e eu...
Já é primavera em nós.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Cicatrizes
Pode repousar sua cabeça em meus braços criança,
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Para voar
terça-feira, 24 de agosto de 2010
O grande menino
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Procura-se
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Uma alma no confessionário
domingo, 25 de julho de 2010
Flor da pele
terça-feira, 13 de julho de 2010
Duas caras
sexta-feira, 2 de julho de 2010
A saída
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Velho novo romance
domingo, 20 de junho de 2010
Cata-tempo
e o mundo lá fora...
balbuciando, gritando, socorrendo.
Ele ali, do lado de dentro da cidade,
equidistante dos pólos,
no centro
girando sem eixo.
O mundo além da janela
mas seu sorriso no vidro...
depois as linhas que o tempo deixa de lembrança,
os fios de cabelo quebradiços
e as mãos um pouco enrugadas.
Ele ali, sendo refletido no vidro
e encontrando seus velhos erros,
seu próprio tempo,
seu orgulho e seu medo.
Ele ali, com toda a sua forte essência...
O mesmo vidro que fecha o mundo de fora
é o que abre o de dentro.