sexta-feira, 2 de julho de 2010

A saída



O cheiro de café forte e amargo dança pelo ar.
Vai encontrar açucar pra descer
com bolachas de canela.
Vai fazer do tango a salsa.

O céu se veste com fantasias
esperando a melodia
do violão solitário
que já foi o dono das loucuras
da poesia.

É que o garoto que compunha,
agora é só melancolia.
Não sabe mais brincar de palavriar,
não tem mais o verbo na ponta da língua.

O menino pensa que tá sem saída.
Não se acanhe com a estrada.
Eu já tropecei em muitos substantivos
e eles também verbeiam
como a lua que enluarece a noite.

Não precisa temer,
que uma luz repousa
mas outra ilumina
E minha mão esquenta a sua.

Eu tropecei no silêncio dos seus medos menino
e dei de cara com meus sonhos.
Ouvi dizer que as cores ainda estavam ali
as suas e minhas
estavam no mesmo beco sem saída que nos perdemos.

Então nós podemos
coar logo um café quentinho
e dançar a mais nova salsa
que vamos compor
corpo a corpo.

Sonhos e ouvidos
vão ver as cores
que os olhos desenharam
enquanto pensavam estar fechados.
O sem-saída
só não sai pra quem não tem asas,
ou a poesia.

4 comentários:

  1. Café, dança...
    a pé, cansa...
    café e poesia...
    a fé, a fantasia...
    o beco sem saída...
    o berço da nova vida...

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  2. Oi Taynara,

    Que sutileza, que voluptuoso, que poesia dentro e fora dos conformes, intensidade... muita asa pra quem pretende voar!

    esplêndido!

    beijos

    Guilherme

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  3. Muito interessante esse seu poema. Gostei da forma "transgressora" das palavras que bailam com sutileza e intesidade. Tem texto novo no Sub Mundos. Bjus.

    http://submundosemmim.blogspot.com

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  4. Sim só não sai para quem não quer voar, lindo.
    Beijo Lisette.

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