domingo, 31 de janeiro de 2010

A bailarina de todo o tempo

Foto de Camila Magalhães
Vê só essa menina
que dança no balanço da vida.
Ela e o sol
um só.
Girando,
rodopiando,
gira-sóis.
Bailando sobre as ondas do mar
que quando seus olhos viu
quis ter Camila.
Camila é do mar
mas é maré de água viva.
Quem olha os cachos
sente
que tem noite e dia
banhados de prata e dourado.
Mas é ela quem pinta
a vida,
o sol,
o mar
e a lua.
Vai bordando ao vento
flores
que nascem na areia.
E então,
a praia se enche de orgulho
e se inspira.
Haja mar pra tanta Camila.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Iris ou lírios




Aprendeu com o barulho que gosta mais das horas de silêncio e prefere ficar em casa com cabelo bagunçado e cara amassada, tomando chá ao livro. Mas às vezes gosta dos gritos, da rua ao tom dos carros com rádio, ou rádio-carros? Não importa, mas horas, é melhor o cheiro de mato com chocolate na panela. Veja só, tem dia que gosta até de sessão da tarde. Gosta das muitas cores, de sentar na poltrona e sentir o vento soprar. Vento que lhe susurra versos e como um ponto sem pano, vai apontado rumos e se ar_ruma, quer ver o sol se por, vão se as horas, vê-se a moldura do tempo graduando tons.
O problema foi ter aprendido a escala de cinza, porque tem dia de nuvem carregada que não perdoa nenhuma casa. Tem carro com parachoque que não aguenta a calçada. E edifício que não resiste à avião. Foi brincando, então, de variação entre o preto e o branco que descobriu 256 formas de segurar a direção. Mas do que gosta mesmo é da contra-mão e dos dias de arco-íris.
Gosta de se pendurar no arco e seguir a íris.
Do compasso do tempo sem ritmo
E ainda que,
Ao ouvir ao pé do ouvido que às vezes ia passar o brilho,
que o prateado do céu muitas vezes era cadente.
Não se assustar,
porque sempre
terá a flor da próxima estação.
E sol pra secar
o òrgão que alagar com a cheia da maré.
De repente
ri
e sente
a poesia surgir em meio às ondas
e fazer jardim.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Vicissitudes do tempo


Chega um tempo em que não são precisos sorrisos de brincar
nem olhares cruzados.
Um tempo em que é preciso um sol bem forte,
amarelo e brilhante.
Porque a lua já ficou embaçada de tanto luar,
os rostos precisam de óleo bronzeador
pra ficar na carne
e parar de sentir na pele
os dias claros
que latejam calor
mas não pintam cor.
Porque uma sombra estranha sobrevoa sobre as cabeças
e somente as madrugadas não satisfazem.
Um tempo em que é preciso sair daqui,
não ouvir tanto essa língua estranha
que diz injúrias a todo tempo.
É preciso se olhar no espelho
e se enxergar como forma e luz
apesar dos nãos,
das lágrimas
e da solidão que precisa ser mais só,
porque os traços amargos
ainda guardam tinta fresca
para as telas que restaram
e as mãos podem pintar o mundo
que se embaça através do vidro
É só abrir a janela
e se jogar.
Pegar impulso
e se entregar ao voo.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Um inteiro


Ela tem vergonha de si
e ele teme em tocá-la
ela esconde seus defeitos
enquanto ele busca os mistérios de sua personalidade
ela gargalha de si mesma
ele sorri amarelo em cada esquina
ela o olha nos olhos
ele olha acanhado
ela fala fala fala...
ele mexe nos cabelos dela
ela anda olhando pro alto
para nada
para o céu azul
infinito
ele fica com os pés no chão
e cabeça em outro planeta
de si,
ela só tem uma metade
ele também.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Até onde a alma exerga


Sonhei sem imaginar
o seria na próxima manhã.
Quem me visitaria na próxima noite
E senti saudades do que poderia acontecer
Bati na porta
e pulei a janela
Para ver do outro lado
penetrar no mundo de lá.
Daqui nada mais vi.
Dois olhos castanhos me analisavam.
Mas que olhos são estes?
Por que me beijam enquanto durmo
E se escondem de minhas mãos?
Minhas madrugadas acesas
de nada valeram.
Vem quando nem mais lembro
com calor
e acaricia
seu corpo cálido juntinho ao meu.
Carne e coração.
Jogo estranho.
Mas somos
um só
sou
ès
quem
não sei...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Ensolarado



Tom de melancolia
Tarde sonolenta
lambuzando seus lençóis
estendidos sobre o varal
coberto de azul infinito.
Sento sobre a vigilância do sol
detalhando cada movimento.
Dia calmo,
sento, sinto, escrevo!
Retorno ao papéis,
a letra torta da confusão de pensamentos
que pedem o tinteiro.
Estantes e prateleiras,
tudo jogado
não minto.
Misturando versos e cores
Pra saborear emoções
enchente de criações.