quinta-feira, 18 de junho de 2015

Trânsito em Nós

Tarde de um outono, quase inverno,
que se lamenta por não ser verão.
Olhares endurecidos me espreitam
no ônibus, na rua, de dentro dos carros.
Aborrecido, encaro-os da esquina do rosto.

Congestionados, os pensamentos
deslizam nas ninharias diárias,
muros se erguem, de concreto armado,
e as curvas da face logo se esbarram,
dá-se o nó num viaduto de espelhos.

Longe da semelhança com os vitrais,
falta cor, é sempre sinal vermelho.
O reflexo dos olhares e sentimentos
colide e cega. Paramos. 
O nó das expressões nos anulou.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Ensaio em branco


A página vazia encara
o branco da mente cheia de cores.
E seu corpo, que nunca foi apenas casa,
não faz sala
e dorme
antes de qualquer movimento das mãos
no nu papel.

Sem reação ou reagentes,

o ensaio do que se quer,
das cores ou palavras,
contra os lençóis,
continua
em branco.