quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

E por querer de novo cores...



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O vento forte varria toda sujeira aos olhos
shuuuahhhuhhh shiiiiahh...
Soprava seus tristes versos por toda direção.
As janelas de madeira se encontravam
e taaaktiii nhêeeec...
as dobradiças enferrujadas se expandiam, novamente.

A velha senhora continuava em sua cadeira de balanço
com os pés fora do chão, olhando fixadamente para fora.
O frio preenchia cada poro,
como um lençol, enroscava-se pelo corpo... gelado.
Os cabelos brancos e quebradiços sinalizavam
que ela não deixara de esperar...

E suportava o seu corpo congelando,
a restrição de movimentos,
a vida solitária,
os dias sem luz,
o escuro de toda uma estação,
os olhos lacrimosos pelo vento...

Suportava porque sabia que ela chegaria com o vento norte
e encheria sua casa com sua luz e derramaria todas suas cores.
E valeria toda a dor porque ela lhe acariciaria não só a visão
mas toda sua alma.
E a senhora nasceria novamente.

Toda dor antecede a resplandecência das cores.
E não há escuridão que não se espante com a luz
que se vê quando se acredita de verdade.
E a senhora não podia andar, nem falar, nem se mover...
sofrera um grave acidente.

Restavam poucos sentidos...
seus olhos só enxergavam angústia.
Foi até onde não poderiam encontrá-la.
E percebeu que no pólo norte o sol também aparecia...
Veio a luz, mas tudo era muito estranho.



E por querer de novo as cores...
os ventos do norte lhe trouxeram a aurora boreal.
Então, ela nunca deixou de acreditar
que tudo o que o se vai, volta.


Porque os ventos que trazem também retiram,
mas presenteiam novamente
com novas cores, novas formas.
Só é necessário que não se abra apenas os olhos.

Um comentário:

  1. "E não há escuridão que não se espante com a luz
    que se vê quando se acredita de verdade."

    "Porque os ventos que trazem também retiram,
    mas presenteiam novamente
    com novas cores, novas formas.
    Só é necessário que não se abra apenas os olhos."

    Maravilhoso ,meu bem.
    Poesia é pouco pra você,
    vai mais além.

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