Chegou de madrugada, encharcada da poesia do céu. Caminhou em direção ao chuveiro... hesitou. Deixou seu vestido escorregar pelo seu corpo até os pés. Abriu a janela e os braços. Ali ela estava, nua, sem armas, aquele era seu jeito de enfrentar o mundo. Só ela, livre para o que seu destino a reservasse. E o mundo era aquilo mesmo, uma janela aberta e escura... em que se sente muito mais do que se vê, ou se pensa enxergar.
Ela não só colocou a cara a bater, mas todo seu corpo. E o vento poderia tentar cortar a sua pele, ela continuaria a admirar o poder que ele tinha de fazer voar os seus cabelos, crespos. Se debruçou sobre o parapeito daquela janela tentando engolir o silêncio, caiu no sono. Acordou com o sol sobre seus olhos. Não era o mundo que estava diferente, era ela que aceitava a dor, as lágrimas, o corte... tudo pela florzinha pequenina que iria nascer dentro dela. Coisa que não se vê.
-O escuro brilha tanto -repetiu para si mesma.
Agora ela estava pronta para iluminar escuridão de mais um dia. Na sua rua esbarrou com um flor, bem no asfalto, de tudo o que tinha visto, aquela era a maior das delicadezas. Sorriu, na esperança de que faria brotar muitas outras flores no concreto que a cercava.
Uma coisinha chamada poesia é matéria de seu sangue.
ResponderExcluirBonito.E você fará,brotar muitas flores!
Vê? Olha só já... !
Uma aqui, nos olhos de quem lê.
Você é realmente um canteiro de poesia... Tem texto novo no Sub Mundos. Bjus.
ResponderExcluirhttp://submundosemmim.blogspot.com