segunda-feira, 5 de abril de 2010

Chuva e Fumaça


Levanto chuva
Fresta na janela de manhãzinha
Venta lá fora
Bom dia para vôo
Mas as ruas estão cinza
eu pensei que eu podia colorir o mundo

Há muita fumaça
Absorvo todo o ar insalubre
não há o que fazer
eu estou condenada a girar no vácuo
sem nunca tocar o chão ou o céu

Eu sou o pedaço de um tudo
sem compasso
sem tempo
não tenho tom
nem nota pro meu som

durmo nublada
deito no vazio
coberta pela solidão
sentindo o corpo úmido
as asas se molharam pela manhã

novo
dia
meu eu lírico acorda gripado

4 comentários:

  1. Você também é fantástica Tay... um primor ("eu lírico gripado")

    Um beijo.

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  2. Bem sacada essa do eu lírico gripado. Belíssimo texto, parabéns! Um abraço.

    http://submundosemmim.blogspot.com

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  3. Maravilhoso o final. De vôo em vôo a gente se encontra um dia. Não é preciso colorir o mundo, o bom mesmo é ter em si todas as cores, e pintar os próprios olhos com as que melhor te aprouverem. O segredo são os olhos. E eles não gripam.

    Beijoca, Flor. Lindo, lindo tudo aqui.

    Obrigada pelo afago de sempre, viu?

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  4. Lindo.[Como sempre]
    A poesia é o placebo.
    De dose em dose incuravelmente melhor.

    Repouso e chá para seu eu lírico, querida.

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Seja como for, opiniões serão sempre bem-lidas.