domingo, 12 de janeiro de 2014

Moribundo

Fotografia de grafite de Banksy

Contraio-me e contraio...Contraio a ferida do mundo,
cutuco a carne viva, mas não sei, não posso mais
estancar o que corre, sarar o corte.

E contraio mais, fecho as portas, não deixo espaço.
E quanto mais me calo, aumento o meu cansaço
com as letras e histórias, a pequenez e o planetário.

Contraio meu imaginário, esqueço, desfaço
meus olhos cansados.

Contraio meu campo de visão
ao contrário do sentimento que deixo
quando contraio a ideia de consumo descontrolado.

Na desilusão da cura, adoeço e contraio...
Tanto diminuo que já não posso me ou te tocar.

Viveremos distanciados,
enlouquecidos por qualquer contato?
Contrariado, todos os dias, me mato.

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