segunda-feira, 8 de março de 2010

Sem título

acordei sentindo um vazio
suei gelado
como orvalho em folha seca
que se esvai antes de chegar na raiz

acordei acreditando
e pensei que a raiz resistiria a mais um verão
mas era espessa demais
tênue demais
como a vida

acordei zelando por tudo o que não volta
e quis fazer renascer das cinzas qualquer sinal de ternura
por menor que fosse
mas ternura não é como fênix

acordei cheirando café
fiquei com o cobertor na sala
sentindo que "o mundo é um moinho
vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos."
com minha velha vitrola

mas isso foi ontem
hoje eu vi um jardim na minha memória
e segurei firme a corda
que me chamava pra uma outra vida
porque eu sou pequenas vidas diárias

hoje eu quis ligar o radinho
Chico pulou pra fora pra me dizer:
" deixa o barco correr, deixa o dia raiar"

eu levantei com os dois pés
e sem querer atrair nada
achei um arco-íris
usei para impulsionar meu vôo

pássaro bom é pássaro que voa
pólo à pólo
sem ao menos saber
como criar
ou bater as asas
.
ps: assim como a vida, o poema não tem título nem sinalização.

5 comentários:

  1. Gente, que lindoooooooo aqui.
    Nossa, vou ler tudoooo com calma (Minha sede qdo vejo um blog tão bonito quanto o seu).
    Parabéns....e olha...me encontrei aqui:

    "hoje eu vi um jardim na minha memória
    e segurei firme a corda
    que me chamava pra uma outra vida
    porque eu sou pequenas vidas diárias"..

    Me calou fundo na alma...meu momento.
    Um abraço enorme, e estou feliz por mais uma amiga.Obrigada pelas palavras no meu blog.
    Já virei sua fã!

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  2. que bom voltar aqui.
    Tenha um ótimo dia...
    Maurizio

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  3. ' adorei !
    sempre gosto de passar aqui !

    lindo lindo *-*

    beijos flor ;*

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  4. Guarde esse arco-iris com você, e sempre que precisar, use-o novamente, e novamente... é sempre bom estar pelos ares!
    Nem vou falar que tá foda, já virou clichê! Te amo fadinha ;)

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