segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ser... das cores!


Quantas luas se passaram
E quantos jardins se desfizeram
pra coerência deixar de ser
e se descobrir...
Um ser de lua
de estrelas
ser do sol
do brilho intenso
e da chuva abundante
que escorre ainda em suas paredes,
vermelho-sangue,
as gotas da última tempestade.
O vento gélido ainda toma as formas cacheadas,
mas as flores se abrem em cores.
É primavera em mim.
Sorrio,
mesmo quando as folhas caem.

domingo, 16 de agosto de 2009

Sur(Real) assim

Toca vento, leve nas folhas
Leva a poeira acomodada nas suas espessas linhas
Faz as gotas de chuva tocarem mais uma vez na minha janela
Faz me chamarem para sonhar com elas!

Traz pra perto de mim a lua
A mesma lua que ri dos meus festejos
por eu pedir-lhe conselhos.

Deixa o sol andar ao meu lado vento.
Quero que ele acenda a luz junto a mim.
Já me cansei das conversas das madrugadas.
Gira, sol.
Mas não me deixe!

Faz tudo isso vento
mas fique ao meu lado
e quando as asas da minha alma pedirem pra voar
Interceda ao nosso favor para a gravidade.

sábado, 15 de agosto de 2009

Derradeiras palavras

Leva contigo o vento frio que trouxe para dentro de mim,
que no momento deixarei que o sol me aponte a direção
e eu me levarei.
Encare-me como fazia no começo
aonde ficaram seus olhos corajosos?
Se perderam no tempo, o leve com você
pois ao meu lado,
ele conta as horas, segundo a segundo.
Fica a espreita esperando que chegue
e me peça para entrar...
Não pede,
mas entra.
Desperta em mim os mais avassaladores sentimentos,
e acaba com todos meus sonhos por um instante.
Esculpo todas as palavras dentro de meu peito
afim de que se mostrem menos cruéis para contigo.
A culpa não é sua.
Não tenho a ninguém a quem culpar senão a mim mesma.
Mas por que não me deixa ir?
Não mais permitirei que palavras me façam voltar atrás.
Pensei muito, em tudo, assim como você o faz
assim como você pensa e se detém a fazer todas as o coisas em relação a mim.
Sei que fui eu quem não percebeu,
quem olhou mas não quis ver.
Abro os olhos,
não quero manté-los fechados.
E não quero que fique mais com o controle dos meus sentimentos.
Nesse instante ficarei com todas as coisas boas que já me fez sentir
Mas que não mais pode me oferecer.
Fico com certeza de que sou forte e hoje é um novo dia.
E você,
fique com a certeza de que eu já estive disposta a tudo por ti.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Aumenta... O infinito!


Sonhos não são vaidades!
Sonho ainda que só
tesourando papéis
fogarando retratos
que (a)notam tristeza.
A tristeza é ponte
não é extremo
é casa cheia
e coração vazio
é copo amargo
pra se beber numa só golada
e jogar água por cima
derramar
deixar cair
fazer tempestade fora do copo
dentro de mim
pra levar
limpar
brincar
com o que for ruim
amplia a amplidão
e jorra mais água em mim
gota a gota não
joga o balde
a bacia
joga o mar pra não virar sertão
sertão certo
(in)certo
em ímpeto!
ai é deserto
danço só
e sonho!
Ahh vento incessante
quero ver fazer voar os meus cabelos!
se voa eu acompanho
mas os ventos levam
e eu me prendo
estendo
os meus varrais
incoerentes
incoerência
falta alma!
Mas que alma equivocada
se lava
se varre
se voa
se fecha
e não abre!
não abre mão de sonhar
Sonhos são portas
janelas d' alma
estrada da vida
motivação
agora vai...
AMPLIA A AMPLIDÃO!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Antiquariadequado


Ainda anda comigo o mesmo all star velho e sujo, umas pulseiras que me adotaram e minha mochila sempre bagunçada, com papéis amassados e a agenda lá no fundo, jogada. Continua em mim a velha mania de sair atrasada e deixar a memória em casa. Minha mãe sempre a me xingar por não acordar mais cedo e eu continuo não gostando de comer de manhã. Ainda gosto das surpresas simples, do abraço amigo e do bom dia. Continuo com a mania de andar descalça no frio e de ficar até tarde na varanda só pra ver o sol se por e a lua surgir, até ser chamada pra dentro com um carinhoso: "você vai ficar resfriada". É, é bom perceber que algumas coisas continuam as mesmas, que eu continuarei a ser a "garotinha do papai" por um tempo indeterminado. Mas o meu all star às vezes grita de frustração e a bate meus pés segundo, segundo no chão. As pulseiras se tornaram essenciais e a mochila, horas, não suporta a bagagem, preocupações, problemas, frustrações, escola. Tem hora que a memória não permite ser deixada em casa e até aí, minha mãe já está muito estressada. O estômago às vezes sente falta, e eu realmente fico resfriada. Ahh, e aí a lua me lembra que o sol sempre volta, e são nos momentos em que eu estou mais estressada que meus amigos me surpreendem pela alegria sincera e simples do bom dia! Aí o dia fica quente. Eu continuo a mesma, algumas coisas é que não mais me pertencem, ou me esqueceram, como o amigo que fazia poesias comigo. Sinto falta de tudo o que um dia já foi meu, meu amigo, minha avó, meu caderno rabiscado, meus poemas rasgados. É a roda da vida, as coisas não acabam, tudo continua vivo. Como os vícios, as coisas dormem, e continuam a espera de quem as desperte.

domingo, 5 de julho de 2009

A lâmpada esfriou
Vela acesa
Chama inconstante...
Tentam me pisar,
eu sei.
Meus pés se cansaram de caminhar sem rumo,
Estão tentando apagar meus sonhos
mas a luz que incide sobre eles é como a luz que apaga a escuridão.
Quero sair daqui.
Eu preciso fugir pros montes,
para minha casa de madeira e pro meu coração.
Para sentir bater, sentir esquentar...
Para esfriar o inverno dentro da minha cabeça.
Para cessar a tempestade que estacionou sobre mim.
Afim de que eu me lembre que não deve-se deixar de sorrir.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A presença da falta

Será o sopro que me tornará o que não fui?
e o que me fará entender
que o que não me cabe é pouco?

O pouco que me falta nesse instante é tudo...
A volta da âncora que não deu partida...

Não quero os meios,
pouco lembro o princípio,
embora me lembre rindo do que não tem graça.
A lucidez da alma apaga os fins.
Não há justificativa que preencha espaços.
Espaços só são preenchidos com presença .
Presença assimilada.

Como pode ser o que não existe?
Se o fácil coexiste no concreto, abstraio!
O infinito espaço não aceita passos falsos,
Fala a complexidade de sentir,
que o simples está envolto de complexidade tamanha
que só enxerga a distância do ser.
Não se ultrapassa!
Cansei de tudo o que dói sem atravessar.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O Dilacerado

Era mais um dia de constância. Havia 9 dias que aquele rapaz não dormia. Como um predador faminto a procura da caça, mantinha os olhos fixos, imensos em busca de explicação. Mais lhe pediam e menos desviava os olhos atentos daquele senhor que, um pouco desfigurado, observava o céu. Este, parecia se difundir dentre os montes, pelos quais, ele costumava caminhar, já de tardezinha. Embora a beleza não o possuísse, infortúnio seria não afirmar que quando o sol se punha, aquela cena parecia ter sido retirada de alguma tela de um célebre pintor, tamanha intensidade e reflexão trazia.
O rapaz decidiu então, ir atrás daquele homem, este não aceitava qualquer aproximação. O rapaz correu - talvez como nunca correra antes- enfiou-se entre os arbustos e não mais o pôde achar. Informando-se, atingiu o abrigo daquele homem, uma altitude imensa. Respirou fundo o ar rarefeito do lugar e bateu na porta com o desespero de quem seguiu a tropeçar até enfim se acabarem as pedras. Ele tinha sede de resposta, precisava daquela conversa.
A porta se abriu, para seu espanto o homem o receberia. Adentrou três passos e ficou a observar, todos os lados, cantos e margens. Enquanto o senhor, perseguia-o com o olhar.
Aquele rapaz possuía um brilho, um sorriso, teria atingido ali uma vivacidade inexpressiva, parecia a criança que enfim encontrara seu doce!
O homem, depois de algum tempo, com a voz falha, pôs-se a dizer: " Meu jovem, quero que me compreenda. Sou um velho e aproximo-me cada dia mais do fim da estrada. Não me siga, vá viver, trabalhe, mas o faça bem, para que enxergue, cada vez mais, cada dia mais, uma oportunidade de fazer tudo diferente, de sentir o pulsar da vida quente, de dar a cada gota de orvalho a importância que cabe a todas as coisas simples e belas!"
O rapaz não pôde se conter e disse: " Mas o senhor é sábio, é o poeta, aquele mais contemplado das últimas décadas. E eu, queria tanto entrevistá-lo!"
O senhor então, sério mas não perdendo o ar de bondade, pronunciou: " Nove dias a se cansar meu caro? Do que vale? Diga-me? Todo o meu sucesso veio porque eu permiti que meus medos partissem sem sequelas, para que eu enfim vivesse para mim. Escrevo para mim, para viver e sorrir. Se me entristeço, para cá venho me refugiar afim de que nenhuma pessoa se contamine com a minha tristeza."
No momento o rapaz nada pôde dizer, desmoronou ali e encharcou-se em lágrimas, parece que enfim havia notado que até ali sua vida teria se passado despercebida. Chorava com a dor de alguém que perde seu ente querido, pois havia perdido o que mais deveria amar em todo seu existir. Havia perdido a si mesmo. No espelho encontrava um desconhecido. Era como se da sua infância até aquele dia, tivessem inserido um espaço, não haviam memórias, nem sorrisos, apenas um vazio...
O velho em um último suspiro, disse: "Sempre existe outro caminho!"
Caiu imóvel no chão, havia morrido. Parece que esperava aquele momento para que pudesse partir. Aquelas palavras marcariam aquele rapaz, por toda sua vida.

Sem princípio ou fim



Meu sonho é assim tão certo de existir...
É um sonho sonhado de alma sem corpo,
sonho o dia todo!
Não há porque fechar os olhos...
Devaneio no quarto, na rua,
com o pão-de-queijo...
A lua que contemplo
ás vezes ri dos meus festejos.
É que sempre lhe peço conselhos.
E ela,
com implacável esmero,
liberta meu íntimo
e me apresenta a mim.
Tão estranho conhecer-me,
quanto mais vejo
ainda mais me perco.
Nem me espanto,
qualquer dia eu me encontro!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Ilógico


Porque diabos queres paredes?
tens o céu de um mundo inteiro para voar.
No tumulto das ruas,
pus-me a observar aqueles seres...
solitários e tão vazios!
Perplexos pela confusão de suas vidas.
Quão cheias!
Preocupações, simpatia forçada...
Coisas que fazem das pessoas seres que são apenas por ser...
Comuns!

Se olhares para o céu por um só momento,
verás a lua que brilha lá no alto.
Ainda que triste,
o brilho se mantém o mesmo.
Mas a sua intensidade
é aquela capaz de refletir algum sorriso!