As divisórias tampam o seu rosto, posso ver apenas a nuca reclinada sobre o banco. Deduzo sua agonia pelo compasso escandaloso de seus pés. Eles parecem agitados, como se - apesar do esforço - a mente já tivesse saltado da cabeça e escorrido até a extremidade do corpo. Falta pouco para sair. É como uma revolução que silenciosa muda todo o mundo de dentro. A poucos segundos do fim, o compasso já se tornou outro: agora seus pés se balançam mudos, em um ritmo mais lento, como se uma força chamasse tudo de volta. E então a batalha segue equilibrada (?). Começo a me embalar quando ele muda mais uma vez. Ele está ali a induzir-me a um único pensamento: pressa. Mas ele corre de quê? Ou corre para o quê?
(Essa maneira de seguir pelos dias é tão comum, que já não vejo razão de me concentrar em sua confusão.) Viro, mas não consigo ignorar que estou viciado nessa loucura diária, preso nesse estado, fora de mim. Estico o pescoço e olho o cenário ao redor... Também estou sentado, quieto na intensa movimentação, no ir e vir, sentir e não ficar. A senhora dos olhos cor de azeitona me observa pela fresta que criou entre seus olhos e o jornal. Ela parece estranhar-me... Encaro-a e logo retoma leitura, deixando a brecha no papel para uma próxima olhadela. Penso dizer algo, mas não há tempo... Lembro-me do homem e me torço um pouco para lhe ver. Agora tem a vista introspectiva sobre mim, há um certo desespero em seu olhar.
Quem é esse senhor mergulhado na urgência desnecessária dos dias? Olho para os meus pés, que nervosos disparam como os dele. Levanto e ele some, abaixo e aí está. Ironia... Não entro ou saio. Permaneço passageiro de mim, refém dos meus olhares, da minha mente censurada. E a passagem é cada vez mais cara. Corro da vida? Com quem estou na disputa do tempo? Sigo, apenas vou no ritmo... E me mato pela exigência de viver sem buscar entender a extensão, o sentido ou o sentimento na palavra. Traio a vida que corre por mim, me separo, sou vários, mas quais são eu?
(Está quase na hora. Vou chegar atrasado de novo. Olho o relógio. Não. Haha! Hoje vai dar até para tomar um café! Então vagarosamente descanso os pés do balanço, tomo um compasso simples no embalo. Melhor esquecer toda essa loucura.)
Mas quem é que defendo? Sigo nesse ciclo, fora de onde sou, estou. Insisto em parar... Corro em um tempo que não me toca.
(Essa maneira de seguir pelos dias é tão comum, que já não vejo razão de me concentrar em sua confusão.) Viro, mas não consigo ignorar que estou viciado nessa loucura diária, preso nesse estado, fora de mim. Estico o pescoço e olho o cenário ao redor... Também estou sentado, quieto na intensa movimentação, no ir e vir, sentir e não ficar. A senhora dos olhos cor de azeitona me observa pela fresta que criou entre seus olhos e o jornal. Ela parece estranhar-me... Encaro-a e logo retoma leitura, deixando a brecha no papel para uma próxima olhadela. Penso dizer algo, mas não há tempo... Lembro-me do homem e me torço um pouco para lhe ver. Agora tem a vista introspectiva sobre mim, há um certo desespero em seu olhar.
Quem é esse senhor mergulhado na urgência desnecessária dos dias? Olho para os meus pés, que nervosos disparam como os dele. Levanto e ele some, abaixo e aí está. Ironia... Não entro ou saio. Permaneço passageiro de mim, refém dos meus olhares, da minha mente censurada. E a passagem é cada vez mais cara. Corro da vida? Com quem estou na disputa do tempo? Sigo, apenas vou no ritmo... E me mato pela exigência de viver sem buscar entender a extensão, o sentido ou o sentimento na palavra. Traio a vida que corre por mim, me separo, sou vários, mas quais são eu?
(Está quase na hora. Vou chegar atrasado de novo. Olho o relógio. Não. Haha! Hoje vai dar até para tomar um café! Então vagarosamente descanso os pés do balanço, tomo um compasso simples no embalo. Melhor esquecer toda essa loucura.)
Mas quem é que defendo? Sigo nesse ciclo, fora de onde sou, estou. Insisto em parar... Corro em um tempo que não me toca.