quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Gracejo


A brincadeira cresceu rápido demais.
Os olhos da criança agora tem o tamanho do desespero,
da malícia, do desejo.
Vejo algum sonho escondido no seu rosto,
mas o semblante é duro e sarcástico.

Tem cabelos pretos quebradiços, fios oleosos e arrepiados,
roupinhas sujas, pés castigados, mãos pequenas...
Talvez se lembrem de como bailar com o vento,
mas tem que se estender, dia-a-dia.

.

Ele me pedia dinheiro como se fosse rei
e eu precisasse pagar os impostos.
Tinha um isqueiro que empunhava como espada.
O controle era seu,
um sorriso escancarado enchia seu rosto,
com dois ou mais dentes coloridos de cárie.

Eu tinha raiva, a raiva tomava todos meus sentidos.
Aí ele pegou meus cabelos, fez que ia queimar,
mas enrolou um cacho nos dedos.
E ria... se ria...  aquilo para mim soava quase como um choro.
Então entendi que era eu: seu único brinquedo.

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