quinta-feira, 17 de maio de 2012

Passageiro


Observo as gotas se chocarem contra o vidro embaçado
e elas nunca me atingem.
As luzes escorrem do outro lado da janela...
tudo que vejo é o contraste da noite nos faróis e postes.

Pneus soam sob o asfalto molhado
e em um deslize meus pés se lançam sob as poças, brincam no chão,
como em um tempo que eu não tropeçava para entrar na dança.
Mas o semáforo finge o verde e a carcaça de metal range com os freios.

Chove forte em mim
e estou fechado num bloco retangular,
Cinza e Quente. Não há equilíbrio.
Trancado em um corpo estranho,
em movimento constante.
Tudo é só de passagem.

Já muito distante, penso no trajeto que fiz...
quanta gente embarcou, em quantos buracos cai.
Passageiro da minha  vida
e ela não passa por aqui.
TROCADOR, em que ponto eu desci?
Acho que esqueci de mim.

Um comentário:

Coerentes na incoerência, ou não.
Seja como for, opiniões serão sempre bem-lidas.