quarta-feira, 27 de junho de 2012

O jogo do social insociável

Vai! Que é a bola da vez!
Falar para não escutar,
já pensar em como não fazer
e justificar, inventar não ir além
do espaço que marcaram.

Espera a sorte na quadra, quina...
A ficha cai.
Arrumem outra nova ou peguem de volta!
Entrem também!
Pingue-pongue social,
aqui o jogo não para.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Passageiro


Observo as gotas se chocarem contra o vidro embaçado
e elas nunca me atingem.
As luzes escorrem do outro lado da janela...
tudo que vejo é o contraste da noite nos faróis e postes.

Pneus soam sob o asfalto molhado
e em um deslize meus pés se lançam sob as poças, brincam no chão,
como em um tempo que eu não tropeçava para entrar na dança.
Mas o semáforo finge o verde e a carcaça de metal range com os freios.

Chove forte em mim
e estou fechado num bloco retangular,
Cinza e Quente. Não há equilíbrio.
Trancado em um corpo estranho,
em movimento constante.
Tudo é só de passagem.

Já muito distante, penso no trajeto que fiz...
quanta gente embarcou, em quantos buracos cai.
Passageiro da minha  vida
e ela não passa por aqui.
TROCADOR, em que ponto eu desci?
Acho que esqueci de mim.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Beijos e Cadeados



No encontro dos olhares
a visão se anulava.
Em que se acredita sem sentir?

Era cegueira e também
fome de beijos e cadeados...
À beira do caos, correram – dois lados.
Traçaram paralelos...

Condenados à linha tênue
entre aperto e espaço,
eternizaram o encontro em uma estátua.
- Elevaram ao centro.
Estático, o sentimento entrou em coma.

Fotografia de Erik Kolstad - Estátuas de escravos de Zanzibar